Pandemia
O casamento fica pra depois
Eventos e celebrações são adiados por conta da pandemia da Covid-19; fornecedores visualizam perdas
Divulgação -
O tão esperado dia especial vai precisar ser remarcado na agenda. Casamentos, aniversários e formaturas estão sendo adiados por conta da Covid-19, a pandemia de coronavírus. Quem trabalha com esses eventos, os fornecedores, também sai perdendo. A decisão vai ao encontro ao atual número de casos suspeitos em Pelotas e nos 23 municípios da Zona Sul.
Há um ano, Mariana Mass passou a planejar o dia do casamento. No último domingo, o dia especial precisou ser alterado: de 21 de março, este sábado, para 10 de outubro. "São 300 convidados, com idosos e amigos de fora da cidade, moradores de São Paulo e do Rio de Janeiro. Botamos na balança e decidimos", conta. Muitos já haviam cancelado a presença na cerimônia, por conta da recomendação do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que a população evite aglomerações.
A correria dos últimos dias foi para remarcar com os fornecedores. As flores, no entanto, chegaram e precisaram ser vendidas. Uma campanha no Instagram começou durante a semana e, logo na quinta-feira, a maioria já havia sido vendida, com entrega em domicílio. A lua de mel também precisou ser adiada, a viagem ao Hawaii e Califórnia, nos Estados Unidos, ficou para depois. "Tenho certeza que a nova data vai ser ainda mais especial", acredita.
A formatura da Samantha de Ávila também foi adiada, ainda sem uma data definida. Formanda em Direito pela Faculdade Anhanguera, a estudante explica que a instituição não definiu a próxima data para a colação de grau, por conta da suspensão das atividades acadêmicas. "É um sonho, o momento que tanto desejei por mais de cinco anos. Mas tivemos que pensar no coletivo". As perdas, por enquanto, não entraram no orçamento. Os prejuízos, ela acredita, devem ser contabilizados no momento em que a próxima data for definida. Um dos problemas pode ser a disponibilidade do salão, além da possibilidade de atendimento dos fornecedores.
Perdas
Entre as celebrações, feiras, baladas e festas marcadas para março e abril, mais de 50 foram canceladas e adiadas na empresa de som e luz que Jeremias Gottinari é proprietário. A empresa trabalha com vários segmentos do ramo de eventos e, mesmo com as preocupações, visa o impacto financeiro. Apesar disso, ele recomenda que todos mantenham o pé no chão. "Somos uma empresa com o lado humano muito forte. Vamos nos ajudando, quando um tem um problema todos ajudam", lembra.
Grande parte da equipe é composta por freelancers, profissionais que há muito estão lado a lado. Dos 50, cerca de 20 eventos foram adiados ainda sem uma data, celebrações que podem vir a ser canceladas. "Quanto menos obedecermos as medidas, mais tempo vai demorar até que tudo normalize", analisa.
Quem trabalha na organização dos eventos também sente o impacto, tanto econômico como na vida das pessoas. Andreia Marini, por exemplo, trabalha com a organização e cerimonial de casamentos, aniversários e formaturas, e buscou os fornecedores das cerimônias para atualizar as datas. "É um esforço coletivo. Precisamos de muita cautela, o panorama tem mudado a cada dia", afirma. Entre os clientes, a sugestão foi para todos: "Se der, realizamos. Se não, reagendamos", diz.
Para ela, além da perda monetária, o prejuízo emocional se torna inevitável na atual conjuntura. "Ninguém quer fazer um evento se não tiver seus convidados junto. É um ano inteiro de provas de vestido, escolha de cardápio, envio de convites", frisa. Em um dos casos, a sugestão para a noiva de uma das cerimônias de casamento, inicialmente marcada para as próximas semanas, foi de realizar uma pequena celebração em casa, com os pais do casal. "Se for possível, a ideia é fazer algo pequeno, pra deixar o dia dela um pouco melhor."
Ana Bonilla, por outro lado, trabalha apenas com o cerimonial de casamentos e contabiliza cerca de dez adiados, marcados para os fins de semana de março e abril. "Estamos todos no mesmo barco. Seria uma irresponsabilidade não remarcar", conta. A sugestão para a mudança de datas partiu dela, junto dos noivos de cada um dos dias especiais. A equipe segue trabalhando, conversando com fornecedores e realizando reuniões, tudo no estilo remoto, por home office. A princípio, os casamentos vão ficar para o próximo semestre, entre os meses de setembro, outubro e novembro - época propícia por conta do clima e da amenizada do tempo frio na região.
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